quinta-feira, 9 de junho de 2011

A capital fluminense possui patrimônio histórico e cultural?

Rio de Janeiro. Não me é contida as elucubrações histórico-culturais da clamada Cidade Maravilhosa, batizada como São Sebastião do Rio de Janeiro, quando palco das manobras militares de Estácio de Sá em 1565. Os percalços que atualmente vitimizam a sociedade fluminense, tenho certeza, não derivam da edificação municipal daquela unidade territorial - que foi capital da colônia, do império e da república.
Ainda assim, ater-me-ei ao definhamento do patrimônio carioca, consequente e não causador da desvalorização do culto fluminense à sua história. Para didatismo, entenda patrimônio histórico como um bem natural, móvel ou imóvel que represente significatividade estética, documental, científica, social, espiritual e ecológica a uma sociedade.
Patrimônio, para maior complementaridade, pressupõe legado, posse e herança. O povo carioca, em contrapartida, não herda a cultura fulgurante do seu passado histórico. Os cariocas, de um modo geral, não atribuem valor à historicidade local.
O patrimônio cultural é de uma importância inequívoca à memória e à identidade. Percebe-se, clarividente, num exemplo contumaz, que os patrimônios de algumas tribos indígenas são imateriais. Oral ou gestualmente filosofia, valores e formas advêm deste patrimônio. Antagonicamente o culto fluminense para com sua história inexiste, se posto em relevância as faraônicas produções artísticas que lhes contemplam as vistas. A materialidade da produção histórica, que intriga aqueles que vêem com nulidade suas raízes, não compadece a opinião carioca.
Valorizar o patrimônio histórico é assumir relação com o passado e a ele atribuir significados.  As limítrofes visualidades comerciais e violatórias do patrimônio são insultantes.
Se valorização patrimonial sedimenta que a ela deve-se atribuir significados, têm os cariocas um patrimônio histórico?
Como se não bastasse o sol nascer na enseada do Botafogo, os cariocas ainda têm Jesus Cristo abraçando a Guanabara, no alto do Corcovado. O que mais necessitam para que se tenha valorização?

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Políticas públicas inadequadas nos separam?

Ontem respondi ao senador Requião que a norma culta não poderia servir como dispositivo de segregação social. Esta resposta, figurada numa mensagem, foi retransmitida em seu microblog. Fui sucinto e desconsiderei as dimensões dantescas da separação que a classe política nos impinge. Hoje debruço-me sobre o tema.

Em tom não tão vago, temos dois exemplos recentes: livros do MEC e criação de novas unidades federativas.

Em prol do dinamismo pragmático do idioma esfacelou-se não só a garantia da concordância verbal e da sintaxe, mas a identidade nacional. O livro didático que corrobora com a desintegração nacional, intitulado Por uma Vida Melhor, deprime o conceito de Nação e preconiza a discórdia com a característica que configura homogeneidade ao povo - ressalvando o apartidarismo do termo. A linguagem não é meramente um veiculo transmissor de informação.

Em relação aos estados, alguns absurdos circundam a aura pérfida destas criações - tem-se a aprovação da realização do plebiscito para a fundação do Estado de Carajás, bem como pela aprovação do Estado de Tapajós. Intrinsicamente a essas perniciosidades pressupõe-se novos Executivos, Legislativos, Judiciários, assim como novas estruturas físicas e administrativas.

Temáticas vis e sórdidas como estas marginalizam a frágil Federação, ainda que convencionalmente nos consagrem política e juridicamente como detentores de um sistema político federalista consolidado. Em suma, o Brasil é um Estado Unitário de dimensões continentais que atribui à União Federal a ampla gama de poderes, resquiciando competências jurídicas na esfera administrativa, política e socioeconômica aos minguados (e muitos deles deficitários) Estados.

Ao contrário do que se quer fazer crer, as reduções dos mecanismos que conferenciam integração pátria não prezam pela pluralidade social e cultural brasileira. A afronta à consolidação da força coletiva está latente.

Por que suplantam piamente o idioma e a união - dispositivos a serviço da integração dos mais diversos grupos étnicos, linguísticos, religiosos e regionais?

terça-feira, 7 de junho de 2011

Demandas da sociedade contemporânea

Parcelas significativas da sociedade - que se diz civil e organizada - vem, com robustez, dando forma e corpo à libertinagem. Consignam títulos abusivos, denominadamente retrógrados, aos que lhes opõem. Tal parcela representa um grandiloquente acinte ao conservadorismo social cristão, bem como aos indivíduos que bradam a legalidade e a ética como arregimentação da moralidade.

Aos íntegros, pela ética apregoada, destinam tipificações de cunho intransigente e reprimível, quando tão-somente estes bradam a respeitabilidade como bandeira pessoal.

No tocante às intempéries brasileiras temos visto, para fins de exemplificação, um ex-presidente, derrocando o seu histórico intelectual, na advocação da drogadição, defendendo a regulamentação de substâncias condenatórias (opinião comungada pelos que, sofrivelmente, viram suas famílias - núcleos da sociedade e escolas de virtudes - cravejadas pelo usufruto de tais substâncias).

Vemos também, no limiar do desrespeito e da ignorância, ex-ministros de Estado levantando bandeiras libertinas e transgressoras, em marchas aviltantes.

Ainda que sob a égide democrática do debate, vemos tais proposições frutificando na evasão representativa da ética, compreendida no espectro dos valores morais e dos princípios sociais.

Seriam as demandas da sociedade uma agressão aos moldes éticos?